sábado, 14 de março de 2009

Intercâmbio Cultural - Com a mão na massa!










Tem coisa melhor do que vivenciar culturas diversas?



Minha amiga e companheira de casa, Yumico, é um doce. 100% made in Japan, cozinheira de mão cheia, além de ser profissional, é uma das poucas mulheres trabalhando com sashimi em restaurantes.

Ainda de quebra tem uma paciência de Jó para me ensinar.

Trocamos figurinhas: ela já comeu cuscuz com ovo, moqueca, cuscuz de tapioca, bolo de cenoura, de banana, risoto de abóbora e carne seca....

Comemoramos o aniversário dela com um almoço japonês feito por mim, 100% made in Brazil!

Ela só fez cortar os peixes!

Estou apredendo

BOLO, SALAMES E VELAS - parte II

Corri muito. Não sentia o peso da mala, a perda dos produtos que deixei no controle de bagagem, tampouco pensava no bolo esfarelado. Tinha que pegar o avião de qualquer jeito, a final, o aniversariante estaria me esperando no aeroporto, depois de atravessar um continente (12h no avião), chegar a Pau (1h30 no avião), enfrentar 3h de carro para me buscar em Toulouse para depois voltarmos a Pau.

A funcionária da companhia aérea me viu correndo e perguntou se eu era a Sra. Kumar, Kapar, qualquer coisa parecida. Balancei a cabeça concordando sem fôlego. Quando ela checou meu bilhete, ligou imediatamente para saber por que não fizeram meu check-in.
Olho para trás e vejo a Sra. K., uma indiana elegante, caminhando bem tranqüila, sem pressa e eu ali, descabelada, suada, um trapo, agradecendo por embarcar.
Estava tão cansada que dormir a viagem inteira. Faltava ainda outra conexão em Frankfurt.

Como tinha 3 horas de espera, despachei a mala para me livrar do peso e fiquei com a caixinha na mão.
Tive a idéia de comprar calda de chocolate para consertar o bolo, mas como pedir em inglês? Meu alemão não passa de “sim/não”, “bom dia”, “obrigado” e “eu te amo”. Lancei um chocolat sauce, até que funcionou, mas ninguém vendia essa caldinha que eu queria.
Vi umas barras de chocolate, tentei comprar e pedir para derretê-la, assim daria certo. Ainda nada!
Peguei um café e relaxei, tentava me convencer - mais vale é a intenção, mas a idéia de ver meu bolinho arrumado não saía da cabeça.

Sentado à mesa na minha frente tinha um chef de cuisine lendo jornal. Respirei fundo, pedi mil desculpas pelo incômodo e perguntei se ele trabalhava no restaurante em frente. Ele confirmou e o melhor de tudo, era italiano, Giuliano, um anjo! Perguntei se ele poderia derreter o chocolate para mim e contei toda a minha via crucis.
Ele se predispôs na hora, usou o próprio chocolate do restaurante, limpou a caixinha que estava melecada, arrumou as velinhas, e disse que me fizeram chorar agora ele me faria sorrir.
Agradeci, mas não me contive, abri o berreiro de emoção.

Lá vou eu de novo para o avião com a cara inchada de choro (dessa vez de alegria) e cansada de andar tanto, mas feliz.

Finalmente desembarquei e coloquei em ação o plano B: pegar as malas e ficar só de casaco. Perfeito!
Pensei, como sempre penso (pecadora contumaz confessa!), no final dá tudo certo.
Quer dizer, ainda não acabou.

Saí toda sorridente do desembarque e não vi ninguém me esperando.
Meia hora, uma hora, duas horas e nada! Sem celular, sem telefone do hotel, não sabia o que fazer. Resolvi esperar por mais 2 horas, se não ele aparecesse iria para um hotel.
Estava com frio, com fome e quase morta.
Depois de quase três horas ele chegou sorridente e me deu um abraço. Não perguntei nada, não reclamei, retribui o abraço e não queria soltá-lo mais.
A viagem dele também foi estressante, perdeu o vôo da conexão (por problemas da companhia aérea), a mala não veio, o transito até Toulouse estava insuportável. Ele também chegou um trapo.
No carro, cansados e com fome, não vimos a saída correta para a cidade e nos perdemos, quase 2h de atraso. O jeito foi parar num posto de gasolina e comprar um sanduíche fuleirinho mesmo.
Ao chegar no hotel, devoramos o pão com salame italiano, claro!
Deixamos os parabéns e o bolinho para o café da manhã. (lista exaustiva!)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

La Piccola Scuola di Circo

Tempo ^ 4

Nem me dei conta que passaram dois meses da minha última postagem. Fiz tanta coisa, visitei diversos lugares, experimentei tantos sentimentos diferentes; chego a pensar que já passou mais de um ano entre dezembro/08 e fevereiro/09.

sábado, 13 de dezembro de 2008

BOLO, SALAMES E VELAS - parte I



Deixo tudo para última hora, confesso! Mas dessa vez foi diferente.
Viagem marcada para às 13h no domingo com destino a Pau, lê-se "Pô", cidadezinha na França.
Malas prontas no sábado à noite. Milagre, porque normalmente termino de arrumar no mesmo dia da viagem.
Acordei e nem acreditei, não precisava fazer nada. Tomei um banho quase de princesa e fui pegar o ônibus para o aeroporto (1h de distância). Calculei precisamente: bus 11h, chegada 12h, vôo 13h.

A japonesa que mora comigo fica louca com minha calma. Ela faz juz à cultura nipônica, organizada, precisa e prevenida. Por ela eu deveria sair de casa às 9h, no máximo às 9h30. A mala deve ser arrumada com, no mínimo 2 dias de antecedência a depender do tempo da viagem. Deveria tê-la escutado.

A cidade estava um caos com as chuvas. Muito trânsito, todo mundo nervoso e o motorista do ônibus discutindo com a sua mulher no celular (eu estava na primeira fila, de camarote, acompanhando os debates - merece outro post). O ônibus saiu com 25min de atraso, e quando fui fazer o check-in, a arrogante atendente da Cia alemã, disse que eu tinha perdido o vôo, afinal eram 12h40

Comecei a chorar. Tudo bem, choro a toa, mesmo. Mas fiquei arrasada, porque não poderia perder o vôo. Tentei argumentar, aos prantos. O máximo que consegui foi um cartão para passar pelo controle de bagagens e depois fazer o check-in na própria sala de embarque. Para me deixar tranqüila, a tal atendente me informou que teria outro vôo duas horas depois, porque “sicuramente” não deixariam eu entrar na sala de embarque com minha mala.
Aquela certeza-absoluta-alemã da fulaninha me deu a certeza que eu conseguiria viajar.

Entrei na fila e tentei diminuir o volume da mala fechando o zíper adicional. Não sei explicar direito o que é, mas a cena foi patética: eu ajoelhada em cima da mala, tentando fechar o zíper que estava com defeito, catando na bolsa alguma “ferramenta”que me auxiliasse nessa tarefa. Com a argola do chaveiro, encaixava no gancho do zíper quebrado e, de 5 em 5cm, fechava a mala. Quando finalmente terminei, o policial me chamou para uma esteira especial.

Naquela hora pensei, vou presa!
Não que tivesse levando algo ilegal, mas tinha uma cesta com 3kg de embutidos em condições precárias (embalados no papel filme e alumínio), uma faca especial e alguns presentinhos de natal; na mão, um bolinho de cenoura com chocolate que eu mesma fiz na véspera, com velinhas de aniversário.

O policial pediu que colocasse o casaco, a bolsa, a caixa e a mala na esteira. Expliquei que minha mala era para ser despachada, mas que as atendentes na Cia aera não deixaram, e que continha vários produtos que não poderiam ser transportados. Falei isso aos prantos, cada palavra acompanhava um soluço, o que comoveu o policial.
Graças a Deus que ainda existem homens que se comovem com o choro feminino!
Ele foi falar com o chefe e eu pedindo para o tempo dar um tempo.
Liberaram com a condição que eu deixasse os produtos vetados. Sem problemas, deixaria até a mala, só queria levar a torta!

A inspeção da mala foi feita por uma mulher, que falou bem alto que eu não poderia embarcar com uma mala daquelas que até faca tinha.
Detalhe, essa mulher era italiana, ou seja, berrava!

O senhor a informou que minha mala foi liberada e que eu já estava consciente que deveria deixar os produtos, conforme a legislação internacional e blábláblá.
Resmungando, ela abriu minha mala e começou a tirar: o hidratante, o desodorante, o perfume, o creme de cabelo, o óleo e o vinagre de nozes (com embalagens caprichadíssimas e trabalhosas!).

A cesta dos salames foi um caso a parte. Só tinha um salame embalado à vácuo, o restante foi comprado no mercado, por isso embalei com PVC e papel alumio. Fiz a embalagem da cesta com papel celofane, nada demais. Coloquei dentro de uma sacola plástica e embalei com um paninho. Não é que ela abriu tudo e futucou? Abriu um rolinho prateado, apalpou, cheirou e deixou. Ufa!
Pena que na confusão, ela empurrou a mala e deixou a caixa do bolinho cair no chão. Nem quis olhar para não morrer de desgosto.

Quando acabou a operação-mala, fui informada, gentilmente, devo registrar, que ela não jogaria fora meus produtos e que se eu não conseguisse pegar o vôo (já eram 12h55), eu poderia recuperar minhas coisas.
Agradeci e para finalizar, ela começo a cantar “happy birthday”, porque pelo raio X dava para ver as velinhas do bolo (HAPPY BIRTHDAY).

Saí correndo, com a bolsa e a caixa do bolo de um lado e a mala do outro para tentar pegar o vôo.






sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Branca de Neve



Vi a neve pela primeira vez!
Sou tupiniquim, baiana, com o coração sergipano, 100% nordestina, fazer o que?
Sempre preferi o sol, o verão. Nunca passei minhas férias em lugar frio, imagine com neve. Esquiar? Nunca. Fazer boneco de neve? Piorou.
Tinha visto ontem que hoje nevaria. Santa previsão! Acordei e fui direto abrir a janela. A neve caia como propaganda de Natal de shopping center: branca, uniforme, imaculada. Formava uma camada branca nos carros, mas no chão, derretia.
Nevou bastante, mas só deu para fazer uma bolinha mixuruca (foto). Mesmo assim, a neve de hoje serviu para me deixar sorrindo como criança e morrer de saudade.
A chuva chama coberta e filme; a neve, a lareira e abraço (só para ser discreta).

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

"Chove chuva, chove sem parar"
















Começou o frio, chove muito, conseqüências:
- dose dupla de vitamina C;
- capa de chuva. Abandonei a sobrinha, impossível com tanta tralha que levo;
- adeus aos meus almoços na pracinha;
- cuidado redobrado para não escorregar, de novo, nas grades do metrô;
- crise ecológica: botas de plásticos, classificadores de plástico, sacos plásticos etc etc etc;
- desviar dos golpes dos guarda-chuvas;
- tomar um banho das poças de água que se formam, as motos e carros passam sem dar a mínima para os pedestres;
- segurar a ânsia de vômito provocada pela "caatinga", "murrinha", fedor, "cêcê" e sinônimos, misturado com o cheiro de umidade e de mofo dos casacos guardados;
- as flores dão o ar da graça e a grama fica verdinha!

Ontem fui fazer supermercado, porque não tinha mais alternativa, já havia adiado ao máximo. Estava chovendo muito. Enquanto andava até o ponto do tram, desviando das poças, das motos, das bicicletas e das sombrinhas, com duas sacolas pesadas nas mãos, pensei na escolha que fiz: deixar meu conforto e investir em conhecimento lato (cultura, estudo).
As rosas têm espinhos.